sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


O sol começava a se por, lançando raios alaranjados em todas as casas da vizinhança. Apoiei os cotovelos na janela e apenas olhei – olhei sem realmente ver, porém sentindo tudo o que alguém no meu estado poderia sentir. Então ergui minha perna e a passei para o outro lado, meu pé pisando no telhado encardido de minha velha casa. Naquele momento, exatamente uma metade de meu corpo estava livre, enquanto a outra estava presa no interior de meu quarto. Naquele momento eu senti a dor da decisão. E naquele momento eu decidi.
Passei a outra perna e caminhei lentamente até o meio do telhado, equilibrando-me com facilidade. Respirei o ar fresco, fechei meus olhos e sentei-me. Eu estava livre. Eu senti, finalmente, que não precisava fugir para ser livre e feliz, por que eu tinha tudo ali, naquele telhado, olhando o por do sol. E, Deus, eu estava viva, com saúde, e podia ver o sol se pondo. E apenas isso, com toda a sua mera simplicidade, fez com que eu sorrisse.
E eu agradeci do fundo do meu coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário